Terça-feira, cinco e quarenta da manhã..... bêbado de vinho subiu no telhado e começou a batucar debaixo da chuva. Sandra saiu à janela com uma toalha enrolada na cabeça. Nove graus positivos e todos os dedos amortecidos. Na lentidão do inverno, a cidade despertava.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
Lá embaixo nas ruas, carros passavam com pára-brisas agitados espirrando água de chuva nos boêmios encolhidos de frio e preguiça. Enquanto as frutas eram ajeitadas nas prateleiras da mercearia, onde os ratos faziam festa roendo os fundos de um saco de milho. Algumas luzes se apagavam, outras se acendiam.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
Numa ruazinha não muito longe, lá atrás, Luiz saía de casa com uma mala preta, dessas pesadas, enquanto Sandra sem pressa passava o café esperando pelo leiteiro. Despediram-se com um beijo e o portão ficara semi-aberto, como se também à espera da furtiva visita, enquanto a chuva apertava cada vez mais.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
Fios de telefone e energia elétrica, antenas de televisão, out-doors espalhados, pinturas nas paredes molhadas..... um gato passou pelo muro que dividia dois prédios, olhou para o tocador de bongô e foi embora revirar os lixos outra vez, de trás do restaurante. Dois mil despertadores espalhados, tocando ao mesmo tempo.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
Um homem segurando um cigarro parou e olhou em volta antes de atravessar a avenida depois de ter saído de um bar bem em frente à estação principal do metrô, um outro lia as notícias de uma revista de esporte na banca de jornal tendo o cuidado necessário para que o vento não levasse embora o seu chapéu.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
Duas mulheres vestidas com peles sintéticas lamentavam-se da falta de sorte e das taxas de manutenção das galerias subterrâneas para onde eram levadas toda a comida e as mentiras da cidade. Laura atirou a toalha ao pé da cama, fechou as persianas enquanto Luiz subia as escadas com barulhentos passos apressados.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
O leiteiro enfim apareceu, o café estava servido na mesa, ao lado de uma revista de esporte enquanto Marta assinava um cheque em branco na parede ao lado. Na saída de um bar, dois negros com saxofones discutiam, enquanto um outro deixou cair uma nota de cinco e duas outras de dez perto do balcão. Dezenas de moedas cairam no chão.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
Lúcio saiu correndo quando o vento arrastou o seu chapéu para o meio da avenida, um ônibus parou quando duas estudantes acenaram..... Laura e Luiz se amavam, Sandra e o leiteiro também, Marta entregou uma folha de cheques e pegou de volta os vinte e cinco em dinheiro. Nada de novo no front, a cidade enfim despertara.
TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM TAM TAM TUM
terça-feira, 5 de junho de 2007
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