segunda-feira, 16 de julho de 2007

DO OUTRO LADO DA RUA.

Ontem de tardezinha ficamos no portão de casa conversando, eu e os meus amigos enquanto o sol descia e sabe o que foi melhor? Eles trouxeram cerveja e um álbum de fotografias, Brahma gelada e eu guardei um punhado lá na geladeira de casa para não esquentar, de vez em quando alguém ia lá e apanhava uma, não demorou muito e já havia acabado, afinal não era tanta cerveja assim. Fiquei olhando as fotos enquanto a gente recordava todas as estórias, a gente ria e eu quase não acreditava em tantas loucuras, planejávamos outras, mas sem muitos detalhes, porque você sabe a gente sempre fez tudo de uma maneira intensa demais e essas coisas não exigem muitos planos, simplesmente acontecem. Lembra daquela viagem que fizemos no começo do ano? Daquelas trilhas, vales e cachoeiras? Do seu relógio que eu fui buscar no fundo da água? Água gelada, também não batia sol – e você ficou rindo o tempo todo. Lembra daquela festa na sua casa, acho que foi em abril e você inventou de fazer caipirinha e acabou molhando todo o sofá? Lembra que pegamos uns panos úmidos e depois torcemos eles de volta no copo? haha – acho que inventamos uma nova bebida naquele dia. Também teve aquela noite em que fomos no comício do prefeito e enquanto ele discursava a gente dividia os fones do meu disk-man.
Ontem de tardezinha ficamos lá no portão de casa conversando, eu e os nossos amigos enquanto o sol se escondia por detrás dos telhados. Já tava quase de noite quando todos foram embora, o melhor de tudo é que me deixaram com as fotos – acho que a minha irmã não deve ter visto, fiquei sozinho junto com aquele monte de latinhas vazias olhando para o muro branco do outro lado da rua, revi as fotos e sorri para mim mesmo enquanto recordava nossas estórias, deixei o álbum em cima da mesa da cozinha junto com as latas vazias, fui até o quintal e revirei nas tranqueiras que o meu pai guardava, acabei encontrando uma lata de spray preto – brilhante, voltei até o muro dessa vez iluminado pela luz de um poste recém aceso e enquanto algumas pessoas passavam escrevi o seu nome com letras bem grandes para que fosse lido e relido por todo mundo, depois sentei em frente de casa outra vez e fiquei olhando para o muro, achei que ele estava mais bonito desse jeito, ao menos para mim, pensei também em todas as coisas que passamos juntos e refleti em como eram tolas as pessoas que acreditavam que você havia realmente ido embora...para sempre.

Para Fernando e Katiusse.

2 comentários:

Rafael Mafra disse...

Texto foda, cacete!

Alessandro disse...

O muro aqui está muito bonito... :-)