quarta-feira, 1 de agosto de 2007

CASO DE POLÍCIA

Nem bem colocou os pés na calçada e lá veio o fiscal com um apito:
- Ei Senhor, aonde pensa que vai?
- Como, aonde pensa que vai? Vou para o trabalho, oras.
- Antes é preciso pagar a taxa.
- Taxa? Que taxa?
- O I.T.U, Imposto de Trajeto Urbano, serve tanto para pessoas que andam a pé como para quem anda de carro, bicicleta, cavalo, etc.
- Isso é inconstitucional, não vou pagar.
- É o que o senhor pensa, a lei é nova, foi aprovada ontem à noite no congresso, entrou em vigor hoje pela manhã.
- Não fui informado de nada.
- Passou na televisão, ta em tudo quanto é jornal, espera aí. - Então o homenzinho pegou um caderno de dentro de uma pasta e começou a anotar umas coisas.
- Posso saber o que está escrevendo?
- Estou apenas anotando nossa conversa. - Continuou escrevendo, destacou a folha e estendeu para o homem que esperava no portão da própria casa.
- O que é isso agora? - Perguntou sem entender o que fosse aquele papel azul na mão.
- Esse é o I.D.F, Imposto por Diálogo com Fiscal, aí embaixo ta o código de barras, basta que o senhor compareça em alguma agência do Banco do Brasil e efetue o pagamento até o final do dia, se deixar para pagar amanhã o valor dobra.
- Não pode ser, isso é um absurdo, vou chamar um advogado, vou processar esse governo maldito. Saia do meu portão agora, saia, já. O homenzinho então foi se afastando, anotando mais coisas no talão de taxas, parou uns vinte metros dali, telefonou para alguém e ficou esperando. Enquanto isso o outro já tinha entrando novamente na casa e agora falava por telefone com um advogado. Passaram-se cerca de 20 minutos, um carro da polícia surgiu em disparada dobrando a esquina, pararam bem em frente a casa de numero 45.
- É essa mesmo, podem entrar. - apontou o fiscal. Os policiais arrebentaram a porta e entraram procurando o homem que não queria pagar impostos. Esse acabara de desligar o telefone.
- O que esta havendo, o quê foi dessa vez?
- Cala essa boca, delinqüente, está preso por não quitar suas dividas com o governo e por desacato à autoridade. Saiu de casa esperneando e gritando, quatro homens o carregaram até o camburão, o jogaram lá dentro. Antes que saíssem à caminho da delegacia, veio descendo a rua o seu advogado com uma mala na mão. Estou salvo. Pensou. O advogado ficou ali algum tempo conversando com o fiscal, depois falou com os policiais, eles então abriram a porta do camburão, o advogado tirou de dentro da mala um talão, anotou umas coisas e entregou novamente para o homem.
- O que é isso? Ele perguntou ainda dentro da viatura.
- Esse é o I.S.A, Imposto de Serviço de Advogado. Quando efetuar o pagamento nós conversamos. Então os policiais abaixaram a porta da viatura com força, entraram os quatro, o carro saiu acelerando, fazendo curvas em duas rodas, lá dentro o homem se debatia de um lado para o outro. Mais cinco minutos e estariam na delegacia.

2 comentários:

Mhel disse...

parabéns pelo texto, paulinho! Fantástico! vc é o melhor escritor que eu já conheci!
p.s.: enviei para o seu email o boleto bancário do cocogeme (comissão obrigatória por comentários gentis e massagem de ego)

Subverso Livros disse...

caramba Mhel eu já pago uma taxa tão alta de I.M.C - Imposto por Modéstia Contida. hahahaha