sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

República do vazio lírico


República do Vazio Lírico

votam impostos

e as crianças têm de sair às ruas
vendem doces e salgados para poder comer
o pai não trabalha mais

o homem de terno e gravata tão empreendedor, tão orgulho-da-mamãe, não vê
nem mesmo eu (me) vejo, às vezes

há distribuição de presentes no morro
mais uns a distribuir balas em algum lugar

em qualquer lugar

ninguém com alma e
com tempo
para sentir a vida e
saber que pode ser diferente


carnaval, novela, futebol...
o transporte lotado, o sol na cabeça...
o sorriso sem dentes no eme-esse-ene
o breve flerte no barzinho
vão sortear a mega-sena
temo que meu amigo ganhe e acabe assassinado
pela esposa


lugares comuns...

lugar comum, minha queixa também
a poesia (contida aqui?) não vai mudar o mundo

e, pelo meu, já fez o que pôde
mas no final, nada sobra

talvez as palavras perdidas em folhas amarelas
ou lugares que ninguém visita

um limiar nos alcança
a barreira do suportável já é bem clara


quem enxerga?

a terra será vermelha mais uma vez
e ninguém poderá chorar
porque o que poderia ter sido feito
não foi

este é o nosso lugar
de belezas descomunais

de todas as cores do arco-íris

esta é a nossa bandeira
a ser hasteada a meio-pau

esta é a nossa república do vazio lírico


Beijos e abraços prophanos ao povo brasileiro!

3 comentários:

Subverso Livros disse...

Visitam sim....e gostam! rs

abraços e saudade, amigo.

É impressão minha ou o Blog Prophanos virou um blog Rafael / Paulo / Alessandro...ninguém mais se manifesta? remar com seis remos apenas cansa....as vezes....ah, tanto faz....seguimos mesmo assim.

Alessandro disse...

Seguiremos, Paulinho!

Mas pense pelo lado positivo... antes, estavam apenas quatro braços. E eu voltei pra ficar, pelo menos até a próxima crise criativa (coisa de fresco, né? eh eh eh!)

Abraaaaaaaço!

Rafael Mafra disse...

Coisa de fresco!
Fez falta suas palavras por aqui. Espero que continue esse velejo.

Até nos comentários só estão esses tais aí...

Abraços!