sexta-feira, 6 de junho de 2008

OS BENEFÍCIOS DO CHÁ MATO

Apesar de toda informação que tem sido veiculada, principalmente de uns cinco anos pra cá, parece que a maioria das pessoas ainda não despertou para a realidade de que o chá, definitivamente, pode ser uma coisa bem louca, quero dizer algo extremamente positivo, de forma mental, social, espiritual e o escambau.
Acredito que se um número maior de pessoas passasse a fazer uso constante do chá, viveríamos então numa sociedade mais pacífica, criativa (como ninguém teve a idéia de incluir essa palavra na declaração dos direitos universais de todos os homens do mundo a partir do momento em que nascem?). Tiraríamos o pé do acelerador. Não há motivo para tanta pressa. Não é difícil observar as pessoas e se perguntar aonde todos vocês pensam que irão chegar? Num cemitério hollywoodiano com lápides limpas e discretas?
No começo da fila do supermercado? Num sofá bege, dentro duma sala bege? Divisórias, mesas e computadores? Não sejamos tão sérios assim. Essa seriedade toda só parece esconder uma infantilidade que permanece alheia (e aparentemente confortável) às coisas que fazem a diferença.
Falando de experiência pessoal, durante os últimos quinze anos, período em que alternei algumas fazes de tomar o chá diariamente com outras épocas mais tranqüilas (ou menos tranqüilas – claro), adquiri uma percepção bastante clara em relação às mascaras do convívio social boçal, sempre presente, em todos os lugares. Como não achar certa graça, por exemplo, na maneira como os caixas, especialmente os de banco e supermercado, com quem tenho maior contato, agem? E os seus gerentes e supervisores? Todos igualmente programados, nulos, sem criatividade alguma. Converso com vendedores, mecânicos, advogados, publicitários, médicos, pastores, porque será que estão todos mentindo? Mentem para si mesmos e para os outros. No fundo é tudo teatro. A prestação do carro, da casa, o som mais novo de todos, o aparelho mais moderno do mercado, o último equipamento lançado, novidades tecnológicas de calçar e vestir, baterias e liquidificadores com mil e cinqüenta funções diferentes, todos esses objetos / objetivos de vida estão presentes, na verdade só existem eles, a sociabilidade séria e respeitosa é uma fantasia que vestimos todos os dias quando o relógio desperta nossas mentes inquietas e tão acostumadas com a turbulência moderna. Aceleramos nossos carros, com nossas mentes munidas de café e álcool e continuamos varrendo o debate sobre o chá para debaixo do tapete. Ninguém tem muito tempo.
O chá só faz aumentar a percepção do equívoco no qual nos encontramos, da bestialidade de certas ações corriqueiras, da estupidez da pressa excessiva, da subserviência cega, de caminhar muito aquém da serenidade e loucuras necessárias para que ideologias vazias não contaminem nossa mente e nosso corpo.
Algumas pessoas ficam em dúvida sobre os possíveis malefícios que o uso contínuo do chá pode provocar a longo e médio prazo, geralmente são soldados de políticos e religiosos, estão sempre atentos, não podem vacilar um minuto ou serão engolidos ou despedidos ou punidos ou simplesmente descartados, entendo seus questionamentos, embora seja estranho que continuem levando vidas cheias de vícios perigosos e parecem nada fazer ou nada enxergar a respeito.
Espero que os próximos debates sejam mais abrangentes e que as pessoas estejam com suas cabeças cortadas e expostas nas calçadas.
É muito mais fácil o velho truque do controle-remoto, da bíblia e da cerveja. Tá tudo ai, basta estender a mão ou estalar os dedos. O difícil será conseguir manter esse apego à velocidade e esse medo da mudança, depois de termos feito a conversão do concreto para a terra, do papel para a fumaça. Não existe conexão nenhuma entre o chá e um automóvel, por exemplo, e isso é só uma das milhares de coisas que você irá descobrir, enquanto navegar tranqüilo pelos rios coloridos da sua mente.

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