quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

LADY GLADIATOR E A LUTA DO SÉCULO - TERCEIRA PARTE

As 10:45 da noite, um cara com roupa de juiz entrou no ringue onde a luta seria realizada, o público agitava-se cada vez mais e o clima de nervosismo pelo atraso da luta era evidente, no ringue, um mágico com roupa de caipira atirava cartas de baralho para cima e queimava-as com um maçarico. Aspargatas estava reunida com uma equipe de assessores no vestiário quando um repórter afeminado entrou anunciando a chegada de Lady Gladiator no estádio. Enquanto o tal juiz repetia suas palavras no palco para delírio das mais de cem mil pessoas presentes ao estádio, uma rede de pesca puxou o mágico para baixo – Obrigado por entreter-nos – disse-lhes três homens bem gordos visivelmente emocionados, com lágrimas nos olhos e uns trocados para o táxi de volta. Todas as luzes se apagaram quando teve inicio Assim Falou Zaratustra, e o logotipo do Canal 8 piscava na tela dos milhares de televisores sintonizados na luta – SESSENTA PONTOS! SESSENTA PONTOS! SESSENTA PONTOS! – anunciava o juiz de cima do ringue no momento exato em que Aspargatas iluminada por um facho de luz vermelha, vestida num roupão indígena e empunhando uma serra elétrica, dirigia-se até ele, enquanto o público aplaudia e gritava.

Do outro lado da cidade:
O repórter do Canal 15 desceu do helicóptero com uma corda, carregando uma mini-câmera de filmagem, tentava focar as vitimas do acidente do Canal 29 enquanto os editores de filmagem agitavam-se no estúdio para esconder o logotipo do concorrente. Na rua do hospital era possível escutar apenas o ruído incessante de unhas sendo lixadas, vindo diretamente da sala de recepção, enquanto o diretor e os dois ladrões vestidos de palhaço seguiam num furgão em alta velocidade até o antigo centro comercial onde um mágico vestido de caipira esperava por eles na última mesa de um bar decadente.

Na sala de parto:
A reunião da equipe de televisão do Canal 15 continuava, ainda com o carinha de paletó amarelo e gravata mostarda ao centro, gesticulando com uma prancheta e um pincel atômico, era alguma coisa sobre 10 passos para um super índice de audiência , quando um sujeito magro com óculos de lentes fundo de garrafa entrou contando que o acidente com o helicóptero do Canal 29, tinha sido um tremendo fiasco – Não há sangue, nem vitimas – ele disse, e todos pareceram bastante desanimados com a notícia – Peraí – um médico gritou do outro lado da sala – Acho que agora está nascendo – e então as câmeras foram religadas e novamente filmavam o nascimento do Bebê de Duas Cabeças, enquanto a repórter saía pela porta lateral para pegar um copo de café sem açúcar.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

SY



HÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

LADY GLADIATOR E A LUTA DO SÉCULO - SEGUNDA PARTE

LADY GLADIATOR AGAIN:

Lady Gladiator tinha largado os palhaços que correram até o final do corredor e então dobraram à direita – Essa não é a minha bílis, mas deve servir – ela disse enquanto revirava o vômito. Olhou para o relógio da recepção que marcava dez e quinze, a recepcionista estava de costas, paralisada com uma lixa de unha na mão olhando para a televisão enquanto o apresentador do canal 8 anunciava a luta de Lady Gladiator para logo mais: - Senhores e senhores, não percam a luta do século entre Lady Gladiator e Aspargatas, daqui a pouco vai começar o maior espetáculo transmitido ao vivo exclusivamente pelo nosso canal, o canal campeão, se eu fosse você não saía daí dessa sua poltrona suja pra nada e enquanto isso fiquem com um pouco do sensacional humor de Johnny B. God – Lady Gladiator meteu aquele monte de vômito em uma sacola plástica e saiu correndo pela mesma porta onde os dois ladrões vestidos de palhaço tinham saído segundos antes. Esses estavam agora parados num ponto de táxi e ela também parou por lá esperando, antes que qualquer carro se aproximasse, um dos palhaços, o de fones de ouvido, tirou de dentro do paletó uma torta enorme e jogou-a na cara do outro que ficou parado enquanto as câmeras do canal 29 filmavam tudo – Merda – Lady Gladiator falou e saiu correndo outra vez para a rua dos fundos do hospital antes que a rede de televisão concorrente pudesse captar uma imagem sua.

DE VOLTA PARA A SALA DE PARTO:

Depois de tirar toda a roupa e ver acesa a luz verde que indicava mais de 40 pontos no índice de audiência, a repórter agora simulava um coito com o feto que ela havia atirado contra a parede, minutos antes. Todas as câmeras estavam posicionadas para que as imagens geradas fossem as melhores possíveis. Então um carinha estranho, de paletó amarelo e gravata mostarda, entrou na sala aos berros: – Para tudo – ele falou, desconectando os fios das tomadas, então a repórter vestiu novamente sua roupa enquanto os médicos e enfermeiros continuavam trabalhando no parto lá atrás, uniram-se num semi-círculo, os três câmeras, dois iluminadores, a repórter e o diretor baixinho, ele então explicou para sua equipe como conquistar os tão desejados 60 pontos da audiência. Foram dez longos minutos de palestra enquanto as câmeras desligadas deixavam que o canal 15 transmitisse a queda de um helicóptero do canal 29.

DO LADO DE FORA DO HOSPITAL:

Aos dois palhaços, juntou-se também uma trupe inteira de malabaristas, contorcionistas e jogadores de futebol que faziam embaixadas com a língua, então o diretor chamou um dos palhaços de canto: – Conseguiu a bílis? – ele perguntou, olhando para os lados, certificando-se de que ninguém acompanhava a conversa dos dois. O palhaço então enfiou o dedo na garganta e vomitou no meio da rua, enquanto os guardas de trânsito desviavam os carros pela rua de trás. – Ta aí no meio dessa bagunça – o palhaço falou quando botou para fora tudo o que tinha engolido. O diretor ficou de joelhos e começou a revirar no vômito, gargalhou como se estivesse encenando, e talvez estivesse, quando enfim encontrou a bílis de Lady Gladiator no meio daquele monte de macarrão empastado.

sobre carnaval


é carnaval olerê
é carnaval olará
nossa poesia
tem que rimar

navegando em mares
nunca antes tão embriagados
tropeçando nos pilares
dos bons costumes literários
passando assim dum jeito
que a poeira até levanta
sem carregar no peito
nenhuma tola esperança

é carnaval aê aê
carnaval olá olá
escrever não é preciso
preciso, sim, é naufragar

mesmo em páginas vazias
sem nenhuma direção
mesmo sem alegrias
e até na solidão
seguindo a marcha rápida
atrás do trio energético
cerveja, cigarro, cóké parada
e sem deixar de ser poético

é carnaval, é triste fim
é carnaval olereorá
traz outra cerveja aqui pra mim
que tô de saco cheio
vai estourar