
Sou o primeiro soldado,
da primeira linha de frente,
para tudo estou preparado,
não há nada que eu não enfrente.
Sou o primeiro bastardo,
no meio de toda essa gente,
à vida estou condenado,
mesmo assim tão descrente.
Sou o primeiro palhaço,
com um largo olhar descontente,
acrobato no meu tablado
coreografias incoerentes.
Eis que prostituiu-se a esperança, e morreu de um vírus estranho à nossa incrível capacidade de consertar e entender todas as coisas.
Vendeu-se por um preço barato, quase nada, que é o valor que sempre estamos ansiosos em pagar.
Ela sorri na hora da morte, porque sabe que não é a última. Sabe que depois que se for, será tudo muito engraçado.
E morre cantando que é o último soldado...
E o que seremos depois que o soldado baixar?
Acostumamos a idéia de que há sempre algo por vir, na cabeça.
Esquecemos que nossa ordem foi: "Vá à guerra, proteja-me!"
E não percebemos o absurdo de gritar o impossível: "Levanta-te, soldado! Ressuscita-te, engana-me!"
Era a esperança.
O mais que putrefato, esqueleto que erguemos diante de nossas vistas sempre que levantamos, depois de cada queda.
A marionete que dissimulamos, perfeitamente manipulados.
"Ressuscita-te!", gritamos. E ela continua em sua condição de ossos.
E nós não aceitamos nada que não colírio em nossos olhos. Mesmo que seja veneno. Mesmo que seja placebo.
Canta que é o primeiro soldado.
Últimos generais que somos, continuamos com a guerra, quase que alheia, sentados, sonhando o estranho conceito que acreditamos – palavra de fontes seguras – ser a vitória.
Engana-me!, cantamos. E seguimos o ritmo de um ossário tilintar.
2 comentários:
então foi esse que tive aportunidade de ler no sarau
um abraço
Vim pelo vênus!!! Ressuscitando
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